terça-feira, 13 de abril de 2010

Direitos dos funcionários brasileiros X produtividade

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Sou empresário do ramo de usinagem, fazemos peças para diversos setores da industria, tais como sabão/sabonete, papel, ração, etc.
Um detalhe que sempre me chamou a atenção neste setor foi à produtividade, e as comparações entre nós (brasileiros) e americanos.
Meus irmãos trabalharam na América, um deles por mais de 10 anos, e as coisas funcionam de maneira sistemática e cronogramas são seguidos, então vinha a minha mente a questão:

Porque aqui não?!

Fatos:
Um americano ganha 15 vezes mais que um brasileiro
Um americano produz 15 vezes mais que um brasileiro

E novamente a pergunta: Porque?!

Mesmo para os que não foram até lá, para verem de perto, os filmes americanos estão repletos de exemplos que por lá existe uma “corrida” em ser o número 1 dentro das organizações.
Este fato ocorre porque é o que te garante uma estabilidade, uma “certeza” de que você é importante, porque você produz mais, e toda organização precisa produzir, e produzir cada vez mais para também se manter no negócio.

E por aqui?

Bem, por aqui os brasileiros são muito bem protegidos por leis que o amparam de vários lados, garantindo que em qualquer ocupação em que ele se estabeleça, a classe que emprega tenha que lhe “dar” esta segurança.
Estou falando de:

13º salário, Férias, Fundo de garantia, INSS, Multa por ser demitido, Avisa prévio, Etc, etc, pois a lista não para de crescer.

Ou seja, o empresário é obrigado a criar uma “poupança” para o empregado, para quando ele tiver que sair, por vontade própria ou não, ele receba ainda uma “recompensa” para poder ser manter durante um período enquanto procura alguma outra ocupação.
Tudo é uma questão de ponto de vista.
O que os americanos fazem por lá, pode ser aplicado por aqui.
Não me negaria a pagar qualquer um destes benefícios, porém de maneira diferente, o que obrigaria o empregado a pensar de forma diferente também, e aí é que está a grande sacada.
Vejamos o exemplo:

Suponhamos que o salário do empregado seja de R$ 1.000,00
Férias = (R$ 1.000,00 / 12) + 1/3 = R$ 111,12
13° = R$ 1.000,00 / 12 = R$ 83,34
FGTS = R$ 1.000,00 x 8,5% = R$ 85,00
INSS = R$ 1.000,00 x 11% = R$ 110,00
Neste cálculo ele deveria ganhar R$ 1.389,46
Vamos supor ainda que a empresa dê vale transporte(R$ 200,00) e alimentação(R$ 100,00), pague um seguro de vida(R$ 80,00), e faça uma poupança (R$ 100,00) para qualquer eventualidade.
O gasto com este empregado seria de: R$ 1.789,46

Eu ficaria contente em pagar (já pago) esta quantia, porém o empregado que não produzisse o necessário, eu simplesmente o dispensaria, sem carteira assinada, sem briga na justiça, sem nada.

O que muda?
O modo deste mesmo empregado de pensar:
Ele sentiria necessidade de uma especialização (é um grande e grave problema no Brasil),
Ele se preocuparia em fazer suas tarefas da melhor maneira possível (qualidade),
Ele se organizaria melhor financeiramente (sabiam que uma boa parte dos funcionários se endividam pensando em pagar com um 13º salário ou o acerto de uma "férias", ou ainda com um acordo com os empregadores?!).

Americanos pensam em um negócio para o futuro, brasileiros pensam em aposentadoria.

Sabiam que existem apenas uns 4.000 casos envolvendo questões trabalhistas nos EUA, e uns 4.000.000 no Brasil atualmente?

Não entrarei na questão do seguro desemprego, pois é bom para a economia que exista consumidores, mesmo em épocas de crise, o mundo usa deste artifício para manter a economia, e isto é bom, mas deveríamos pensar em produtividade, o que seria do Brasil se ele fosse mais produtivo?

Lembro-me do governo fazendo contas para colocar R 10,00 a mais no valor do salário mínimo, quanto seria o impacto destes R$ 10,00 na previdência, porém também seria o mesmo impacto no comércio, com consumidores com mais R$ 10,00 para gastar.
Imaginem com R$ 789,46 a mais ???, pois esta é a diferença que dos salários pagos indiretamente aos empregados.
Com exceção do INSS, todos os outros “benefícios” são diretos entre empresa e trabalhador.
Porém, com quase 80% do salário a mais, os trabalhadores buscariam melhores condições de vida, estudo, saúde, etc.
Um amigo meu fez um experimento, que narro a seguir:
Um antigo funcionário dele, que atualmente estava trabalhando em uma empresa em Vinhedo, teve que fazer uma operação em um dos joelhos, por conta de uma contusão sofrida durante um jogo de futebol, em um período anterior.
Ele estava afastado por licença médica para recuperação, porém já se sentia muito bem.
Ele pediu para fazer alguns trabalhos enquanto estava afastado do outro emprego, e o acordo foi o seguinte:
Ele ganharia por peça produzida, e não por período (empresas pagam por período e cobram por trabalho), sem extra, sem sábado, domingo ou dia santo, por peça.
O salários médio dos profissionais era de R$ 2.000,00, o rapaz ganhou, em três meses de trabalhos um total de R$ 11.892,00, quase R$ 4000,00 por mês, e ambos ficaram contentes, pois ele produziu mais do que o dobro dos empregados registrados.
Isto é fato, e não teoria.
Nossas leis vêm do período de proteger os escravos alforriados, os americanos firmaram suas leis em colonização, é uma diferença muito brutal, e precisa ser mudada para um desenvolvimento pessoal, intelectual e financeiro dos nossos trabalhadores.

Pensem, é só o que peço, pensem...

Wall Theodoro

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